quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Contraste entre o Jiu-Jítsu antigo e o atual

Ana Carneiro e Maiza Santos 
Escrito por: Danilo Otoch
Data: 13/09/2018



O Jiu Jitsu sempre foi por princípio, meio e fim uma arte marcial diferenciada das demais. Desenvolvida inicialmente como a arte de combate desarmado dos Samurais, seus golpes foram criados para ser aplicados entre lutadores trajando armaduras, por esse motivo a inexistência de golpes traumáticos e o uso de alavanca para torções, chaves, quedas e estrangulamentos. Desse propósito inicial vários estilos foram se firmando e os atuais Judo e Aikido também são derivações do tradicional Jiu Jitsu japonês, enfatizando cada Arte Marcial um ponto específico dessa fonte tão ampla.
Aqui no Brasil travamos contato com o Jiu Jitsu tradicional japonês através de Mitsuyo Maeda, também conhecido como Conde Koma. Por intermédio dos irmãos Carlos e Helio Gracie o Jiu Jitsu foi refinado e uma nova arte marcial eminentemente de combate foi criada, o Jiu Jitsu Brasileiro. De 1917 quando os primeiros brasileiros começaram a aprender os movimentos suaves do Jiu jitsu até os dias de hoje a arte marcial evoluiu em alguns pontos e involuiu em muitos outros.
Desde seus primórdios o Jiu Jitsu primou por ser a mais efetiva forma de auto defesa de combate aproximado já criada. Os primeiros mestres e professores brasileiros passaram por inúmeros desafios de combates reais, contra outros estilos se sagrando vencedores quase sempre. Essa forma de desafio, que depois foi chamada de vale tudo e ia desde desafios entre academias até grandes lutas que lotavam estádios, é a verdadeira origem do que se conhece hoje como MMA. Até os anos 80 do século passado só se lutava Jiu Jitsu brasileiro de Kimono, as vezes se fazia um treino “sem pano” para saber se virar “na rua”. Era uma suprema heresia lutar sem Kimono, isso era coisa de “luta Livre”. Um lutador de Jiu jitsu aprendia todas as quedas que se ensina a um lutador de Judo e os combates começavam em pé, não se puxava para a guarda e se tentava derrubar o adversário para marcar pontos.  Uma rica parte de defesa pessoal com técnicas contra todas as formas de agarramento, gravatas e mesmo contra socos e chutes era ensinada aos alunos desde a faixa branca e só se graduava quem soubesse essa parte da arte marcial também.  Resumindo, o Jiu jitsu era de kimono, começava em pé o combate, as quedas eram buscadas com vigor e os lutadores conheciam um rico acervo de técnicas de defesa pessoal.
Isso foi até a explosão de sucesso mundial pela qual passou o Jiu Jitsu brasileiro. De repente os Gracie desbravaram a América, criaram os primeiros vale tudo televisionados, no qual orgulhosamente lutavam de kimono. Outros se seguiram e academias foram espocando em todos os pontos do mundo, difundindo ao estilo brasileiro para locais tão improváveis como  os Emirados Árabes Unidos. Prêmios milionários começaram a ser pagos e os lutadores começaram compreensivelmente a buscar a profissionalização e a adaptação necessária para vencer esses combates. Rapidamente o Jiu Jitsu Brasileiro perdeu algumas de suas mais importantes características fundamentais, hoje não se aplicam mais quedas e inacreditavelmente existem lutadores de Jiu Jitsu que usam Rash Guard. A parte de defesa pessoal então &eac ute; algo que apenas os mais velhos  conhecem.
Indiscutível que a parte de luta de solo do Jiu Jitsu evoluiu tremendamente e milhares de novas posições foram criadas, mas é preciso pensar seriamente entre os contrastes entre o Jiu Jitsu “antigo” e o “atual”, refletir sobre o que perdemos e partir para um resgate das técnicas que hoje são deixadas de lado e trazer a Arte Marcial de volta ao que sempre foi, uma arte de combate.

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